Renato S. Procianoy *
Hipertensão pulmonar ocorre quando a pressão na artéria
pulmonar é superior ao normal e frequentemente ultrapassando a pressão na
artéria aorta. Como no recém-nascido há a permanência da comunicação do
circuito pulmonar com o circuito sistêmico através do forame oval patente e/ou
canal arterial patente ocorre um shunt direito-esquerdo por essas comunicações.
A
etiologia da hipertensão pulmonar no recém-nascido é, geralmente, por insulto
hipóxico intra-útero. Dessa forma, a hipertensão pulmonar ocorre mais
freqüentemente nos recém-nascidos asfixiados, nos que tem síndrome de aspiração
de mecônio e nos que sofreram hipóxia crônica intra uterinamente. Existem
também outras situações não relacionadas à hipóxia que ocasionam o
desenvolvimento de hipertensão pulmonar no recém-nascido tais como uso de
indometacina ou aspirina pela mãe, policitemia neonatal e pneumonia por estreptococo
grupo B.
Os
pacientes com hipertensão pulmonar apresentam uma hipertrofia da camada
muscular das ramificações das artérias pulmonares que ocasionam aumento na
resistência vascular pulmonar e aumento da pressão arterial pulmonar.
A
hipertensão pulmonar no recém-nascido se manifesta por uma hipoxemia de difícil
tratamento que não responde ao uso de oxigênio em altas concentrações.
Excetuando os pacientes com doença pulmonar, aqueles que só apresentam hipertensão
pulmonar não costumam manifestar quadro de dificuldade respiratória
significativa.
No
diagnóstico diferencial tem que se levar em conta toda a gama de doenças
pulmonares e cardíacas que causam hipoxemia. Nos casos sem doença pulmonar, em
que o exame radiológico é normal ou apresenta uma diminuição do fluxo sanguíneo
pulmonar, deve ser feito o diagnóstico diferencial com cardiopatias congênitas.
O
diagnóstico de hipertensão pulmonar é estabelecido pela detecção do shunt
direito-esquerdo. Se o shunt se dá pelo canal arterial haverá uma diferença de
oxigenação entre a área pré-ductal com maior saturação (membro superior
direito) e a área pós-ductal com menor saturação (membros inferiores). Ao se
colocar saturômetros simultaneamente no membro superior direito e em um dos
membros inferiores e a diferença for maior que 5%, faz-se o diagnóstico de
shunt direito-esquerdo pelo canal arterial e, por conseguinte, de hipertensão
pulmonar. Quando o shunt ocorre pelo
forame oval, o diagnóstico só é possível com a utilização de ecocardiograma que
identificará um shunt direito-esquerdo pelo forame oval. Utilizando o
ecocardiograma, pode ser feita uma estimativa da pressão na artéria pulmonar e
se fazer um diagnóstico mais preciso de hipertensão pulmonar. A ecocardiografia
é um exame obrigatório nos pacientes com hipertensão pulmonar porque além de
poder estimar a pressão na artéria pulmonar também afastará o diagnóstico de
cardiopatia congênita.
O
tratamento do paciente com hipertensão pulmonar é feito com o uso de óxido
nítrico inalatório. Inicia-se com uma concentração de 20 ppm. O óxido nítrico é
um vasodilatador e quando utilizado sob forma inalatória ocasiona vasodilatação
seletiva dos vasos pulmonares. Ao se fazer um exame ecocardiográfico pré e pós
uso de óxido nítrico inalatório pode-se constatar a resposta ao tratamento com
diminuição da pressão na artéria pulmonar e reversão do shunt direito-esquerdo.
* Prof. Titular de Pediatria da UFRGS e Chefe do Serviço
de Neonatologia do HCPA
Existe reversão desse quadro durante o crescimento da criança?
ResponderExcluirmeu filho morreu derivado de uma hipertensão pulmonar. Há como saber no pré-natal? Há como fazer um diagnóstico precoce?
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