Prof.
Dr. Nicolino César Rosito *
É um dos problemas freqüentes no
consultório do pediatra e do cirurgião pediátrico, e pode ser fonte de
ansiedade e medo para o paciente e seus pais, principalmente quando o manejo é
equivocado.
Fimose é a presença de anel
prepucial que impede ou dificulta a exposição da glande, podendo ser congênita
ou adquirida. É considerada fisiológica até os 5 anos de idade. A maioria dos
meninos nasce com fimose (96%). O descolamento fisiológico do prepúcio ocorre
em 25% aos 6 meses de idade, 50% com 1 ano, 80% com 2 anos, 90% com 4 anos e
94% aos 5 anos, sendo que apenas 6% permanecerão com fimose após os 5 anos.
A fimose adquirida pode estar
relacionada aos cuidados dos meninos nos primeiros anos de vida. Os fatores
freqüentemente implicados na fimose adquirida são as dermatites amoniacais,
higiene inadequada da genitália que ocasionam balanopostites de repetição, reação
inflamatória, fibrose e cicatrizes. As cicatrizes retraem a pele e torna o anel
prepucial mais estreito e menos elástico e assim dificultando a retração do
prepúcio. Outro fator que deve ser evitado é a “massagem” no pênis. Alguns pais
preocupados com a aderência balanoprepucial, que é normal entre a glande e o
prepúcio até os 5 anos de idade, fazem "massagem", forçando a pele, e
ocasionando pequenos traumatismos, fissuras e sangramento, que ao cicatrizarem,
tornam o anel estreito, e dessa maneira podem levar à fimose adquirida e
iatrogênica. Assim, não são recomendados fazer "exercícios ou
massagens" e retração forçada para abrir o prepúcio, pois são
desnecessárias, dolorosas e psicologicamente traumáticas.
Algumas malformações do pênis e
escroto podem estar relacionadas à fimose e podem ser confundidas e fazem parte
do diagnóstico diferencial. As mais comuns são: hipospádia, chordee, aderência
balanoprepucial, pênis embutido, prepúcio redundante e micropênis.
O tratamento da fimose pode ser
dividido em clínico e cirúrgico.
O tratamento clínico é baseado
nos cuidados preventivos com higiene, medidas gerais e uso de corticóide
tópico. Está indicado em pacientes selecionados por período de 4 a 8 semanas
com aplicação diária e com freqüência que pode variar de 1 a 3 vezes ao dia.
É fundamental que a higiene e
medidas gerais sejam aplicadas durante e após a aplicação de corticóides para
evitar novas aderências e fibrose prepucial.
O tratamento cirúrgico pode ser
indicado no período após os 5 anos e antes da puberdade. Tem indicação antes
dos 5 anos nos pacientes com infecção urinária, balanopostite de repetição,
balanite xerótica obliterante e parafimose.
As técnicas cirúrgicas para
correção da fimose são a postoplastia, que compreende a incisão dorsal do anel
prepucial com manutenção do prepúcio, e tem indicação em casos selecionados. A
postectomia ou circuncisão corresponde à remoção do prepúcio. A postectomia
pode ser clássica, com remoção do prepúcio e exposição total da glande ou
econômica com manutenção parcial do prepúcio. A anestesia é geral e com
bloqueio peniano e a cirurgia pode ser realizada ambulatorialmente.
As complicações no pós-operatório
mais freqüentes são: hipersensibilidade da glande, sangramento, estenose de
meato e remoção inadequada da pele.
* - Coordenador da Disciplina de Cirurgia Pediátrica e do
Programa de Residência Médica de Cirurgia Pediátrica do HCSA - UFCSPA
- Coordenador do
Centro de Aperfeiçoamento em Urologia Pediátrica da CIPE – HCPA e Responsável
pelo Setor de Urologia Pediátrica do HCPA - UFRGS
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