Artigo gentilmente cedido pelos Dr. Eurico Camargo Neto
e Dra. Fabiana Amorin do CTN Diagnósticos.
ATENÇÃO: Lista de Medicamentos que devem ser evitados em
pacientes com Deficiência de G-6-PD
Lista dos medicamentos que podem ser utilizados
cuidadosamente em dose normal em pacientes com Deficiência de G-6-PD
CONCEITO: É um
erro inato do metabolismo que interfere nos processos de manutenção da
estabilidade dos eritrócitos. A deficiência desta enzima favorece a ruptura da
membrana dos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos), levando à anemia
hemolítica.
IDADE DE APARECIMENTO
DOS SINTOMAS: Os pacientes com deficiência de G-6-PD podem apresentar
sintomas a partir dos primeiros dias de vida ou mais tardiamente, desde que
sejam expostos a alguns tipos de alimentos ou medicamentos. Muitos pacientes
podem permanecer assintomáticos por muitos anos.
SINTOMAS CLÍNICOS:
Estes pacientes podem apresentar icterícia neonatal ou anemia hemolítica devido
à incapacidade de regenerarem o NADPH, um cofator importante nos processos
biológicos oxidativos. A anemia pode vir a se manifestar mais agudamente quando
da ingestão do feijão de fava (daí a doença ser conhecida também como
"favismo"), da ocorrência de infecções ou do uso de medicamentos como
antimaláricos, antibióticos, analgésicos, antipiréticos, sulfonas e
sulfonamidas.
COMPLICAÇÕES: Em
alguns pacientes, a íctericia neonatal é severa o suficiente para levar a
seqüelas neurológicas ou a risco de óbito. Alguns pacientes podem apresentar
insuficiência renal aguda ou anemia hemolítica crônica.
ETIOLOGIA: Este é
um distúrbio genético de herança ligada ao cromossomo X, bastante heterogêneo,
existindo mais de 400 mutações já descritas. Manifestações clínicas em mulheres
não são incomuns.
PATOGÊNESE: A
G-6-PD catalisa o primeiro passo no ciclo das hexoses, e produz NADPH, que é
essencial em várias rotas metabólicas, assim como na hemácia, para a
estabilidade da catalase e preservação e regeneração da forma reduzida do
glutatião. Como a catalase e o glutatião são essenciais para a detoxificação do
peróxido de hidrogênio, a defesa da célula contra este agente depende quase que
totalmente da G-6-PD. Este processo é especialmente importante nos eritrócitos,
células muito sensíveis ao dano oxidativo.
DIAGNÓSTICO: A
doença pode ser identificada pela medida da atividade da enzima G-6-PD, por
diferentes métodos bioquímicos.
FREQUÊNCIA CTN:
1/71 (1,41%)
PREVENÇÃO: O
diagnóstico precoce (através de triagem neonatal) e o tratamento adequado podem
evitar o aparecimento de seqüelas ou o risco de óbito. Da mesma forma, após
realizado o diagnóstico pode-se evitar o uso das drogas previamente conhecidas
como hemolíticas.
DETECÇÃO DE
PORTADORES: A detecção de portadores não é fácil, pois nas mulheres
heterozigotas (que apresentam um gene normal e um gene alterado) encontramos
grande variabilidade na atividade enzimática.
DIAGNÓSTICO
PRÉ-NATAL: Pode ser realizado pela avaliação da atividade de G-6-PD no
sangue fetal colhido por cordocentese, ou por processos de análise do DNA,
ainda pouco acessíveis.
TRATAMENTO: O
tratamento para a icterícia neonatal e para a anemia hemolítica permitem o
controle das crises agudas. As medidas recomendadas buscam assegurar quantidade
suficiente de oxigênio para os tecidos e para os glóbulos vermelhos. Crianças
com icterícia neonatal prolongada devem ser submetidas à fototerapia. Em episódios
de anemia, os pacientes podem necessitar de tratamento com oxigênio ou, em
casos mais severos, transfusão sangüínea.
PROGNÓSTICO:
Quando seguidas as medidas recomendadas, o tratamento é eficiente, previne as
manifestações clínicas da doença e proporciona um bom prognóstico.
OBSERVAÇÕES: A
deficiência de G-6-PD confere uma resistência variável contra o agente causador
da malária (Plasmodium falciparum), especialmente nas mulheres heterozigotas.
LISTA DOS MEDICAMENTOS QUE DEVEM SER EVITADOS EM PACIENTES
COM DEFICIÊNCIA DE G-6-PD
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REFERÊNCIAS:
1. Kaplan,
A.; Jack, R.; Opheim, K.; Toivola, B.; Lyon, A. Clinical Chemistry:
Interpretation an Techniques. Williams & Wikins, Malvern, 4th ed., 1995.
2.
Luzzatto, L.; Mehta, A. Glucose-6-phosphate dehydrogenase deficiency. In:
Scriver, C.R.; Beaudet, A.L.; Sly, W.S.; Vale, D. eds. The Metabolic and
Molecular Bases of Inherited Disease, McGraw Hill, New York, 7th ed., 1995.
3. NETO, E. C. ; WEBER, L. ; BRITES, A. Deficiência de
Glicose-6- Fosfato-Desidrogenase: Qual a Incidência no Brasil? Laes Haes, ano
XX, n.120, p.126-136. 1999.
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