Mariana Vianna Zambrano
É um processo
inflamatório das meninges, caracterizada por um número anormal de leucócitos no
líquor. Início geralmente súbito, com febre, prostração, cefaléia intensa,
náuseas, vômitos, rigidez de nuca e com a presença dos sinais de Kernig e Brudzinski.
Em lactentes apresenta-se inicialmente com sinais clínicos inespecíficos, como
irritabilidade, letargia, recusa alimentar, hipotermia ou febre, desconforto
respiratório; o abaulamento das fontanelas é um sinal tardio. Os pacientes com
meningococcemia podem apresentar um rash maculopapular que evoluiu para rash
petequial. Ocasionalmente, rashs cutâneos estão presentes nas meningites por H. influenza ou por Pneumococco.
Diagnóstico:
Exames laboratorias: hemograma, glicose sérica (para de analisar a relação
glicemia/glicorraquia), eletrólitos, creatinina, uréia, coagulograma,
hemoculturas e análise do líquido céfalo-raquidiano (LCR). Realizar Tomografia
Computadorizada de crânio antes da punção lombar sempre que houver sinais de
hipertensão intra-craniana, sinais neurológicos focais, papiledema ou história
de trauma para exclusão de lesão expansiva ou abscesso cerebral.
Tratamento:
Medidas de suporte que visam prevenir ou reverter as alterações que ocerrem no
organismo, principalmente SNC, secundárias ao processo infeccioso. Devem
incluir oxigenação e perfusão cerebral adequadas – mantendo-se um pressão
arterial normal para manter a pressão de perfusão cerebral–, prevenção de
hipoglicemia, controle das convulsões e da hipertensão intracraniana. Fluidoterapia deve objetivar a normovolemia;
não há justificativa para restrição de volume empiricamente. Evitar hiponatremia.
A
antibioticoterapia escolhida deve considerar a faixa etária do paciente e os
principais agentes etiológicos da doença.
O uso de
dexametasona é controverso, alguns estudos demonstram diminuição das sequelas
auditivas na meningite por H. influenza quando
usado na dose de 0,4mg/kg de 12/12h
por dois dias.
MENINGITES
VIRAIS: Os agentes mais comuns são enterovírus (80% dos casos de menigite
asséptica), vírus da caxumba, herpesvirus, vírus Epstein-Barr, CMV, varicela,
arbovírus, adenovírus, influenza e HIV. O
tratamento é sintomático; o uso do aciclovir está indicado na meningoencefalite
por herpes vírus.
Quimioprofilaxia:
Haemophilus influenza: Está indicada
para todos os contatos domiciliares (incluindo adultos), desde que existam
menores de 4 anos de idade, além do caso
índice, sem vacinação ou esquema de vacinação incompleto e deve ser instituída
da o mais precoce possível (de preferência nas primeiras 24h, ou até o 30º dia após
o contato). Crianças com esquema
de vacinação completo para Hib não necessitam de profilaxia. O caso índice não
necessita de quimioprofilaxia se o tratamento for feito com Ceftriaxone. A
droga de escolha é Rifampicina, por via oral, por 4 dias nas doses: adultos
600mg/dose a cada 24h; crianças de 1 mês a 10 anos: 20mg/kg/dia até a dose máx.
de 600mg;; menores de 1mês de vida: 10mg/kg/dia.
Meningococo: Deve ser iniciada o mais
precocemente possível (de preferência nas primeiras 24h ou até o 10º dia
pós-contato) nos seguintes casos:
comunicantes íntimos que moram no mesmo domicílio ou que compartilham o
mesmo alojamento em domicílios coletivos; comunicantes da mesma classe de
berçários, creches, ou pré-escolas, bem como adultos dessa instituição que
tenham tido contato íntimo com o caso-índice; pessoal médico que tenham tido
exposição às secreções (respiração boca-boca, intubação traqueal, aspiração de
secreções) antes do início do tratamento. O caso índice não necessita de
quimioprofilaxia se o tratamento for feito com Ceftriaxone.
A droga de
escolha é Rifampicina, por via oral, por 4 dias nas doses: menores de 1mês de
vida 5mg/kg/dia; para os demais 10mg/kg/dia (máx. de 600mg) administradas de
12/12h durante dois dias (total de quatro doses). Outra opção é Ceftriaxone em
dose única intra, via intramuscular, 125mg para menores de 12 anos e 250mg para
adolescentes e adultos.
Referências Bibliográficas:
1)
Infectologia; Marques HHS; Sakanne PT, Baldacci ER – Barueri-SP : Manole, 2011.
(Coleção Pediatria; editores Benita G.
Soares Schvartsman, Paulo Tufi Maluf Jr.)
2)
Tratado de Pediatria – Sociedade Brasileira de Pediatria;
Fábio Ancona Lopez w Dioclécio Campos Júnior – Barueri-SP : Manole, 2007
3) Rogers´ Handbook of Pediatric
Intensive Care, editors Mark A. Helfer, David G. Nichols. – 4th ed./
2009
4)
Pediatria: Diagnóstico e Tratamento – José Paulo
Ferreira – Porto Alegre: Artmed, 2005.
5)
The
evaluation and management of bacterial meningitis: current practice and
emerging developments. Lin AL, Safdieh JE. Neurologist. 2010 May;16(3):143-51.
6)
Corticosteroids
for acute bacterial meningitis. Brouwer MC, McIntyre P, de Gans J, Prasad K,
van de Beek D. Cochrane Database Syst Rev. 2010 Sep 8;(9):CD004405.
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