terça-feira, 26 de junho de 2012

Teste do Olhinho


Rosane da Cruz Ferreira - Oftalmologia Pediátrica*

Lei Municipal e Estadual exigem o exame ocular antes da alta hospitalar

O “teste do olhinho” (ou teste do reflexo vermelho) recentemente virou lei no Município de Porto Alegre e no estado do Rio Grande do Sul e está evitando que centenas de crianças fiquem cegas.
É um teste rápido e indolor que se baseia na percepção do reflexo vermelho que aparece ao ser incidido um feixe de luz sob a superfície retiniana. Para que este reflexo possa ser visto, é necessário que o eixo óptico esteja livre, isto é, sem nenhum obstáculo à entrada e à saída de luz pelo orifício pupilar. Assim, o “TESTE DO OLHINHO” pode detectar qualquer patologia que cause obstrução no eixo visual como catarata, glaucoma congênito e qualquer outra patologia ocular que cause opacidade de meios, como opacidades congênitas de córnea, tumores intra-oculares grandes, inflamações intra-oculares importantes ou hemorragias intra-vítreas.
O exame deve ser realizado antes de o bebê ter alta hospitalar, por um pediatra treinado, e que deve ser remunerado para tal função.Apesar do teste ser simples, confere ao pediatra imensa responsabilidade na hora de emitir o seu parecer.

TÉCNICA:
O teste pode ser realizado em menos de 5 minutos. Não está indicado uso de colírios para realização do teste, pelos possíveis efeitos adversos no recém-nascido.
O único equipamento necessário é um oftalmoscópio direto (não adianta só uma lanterninha). Para simplificar, melhor colocar o foco do oftalmoscópio na posição “zero”. A sala do exame deve ser escurecida, e um auxiliar deve segurar com delicadeza a cabeça do bebê. O oftalmoscópio deve ser posicionado a uma distância de aproximadamente 30 cm de cada olho do bebê, e o reflexo vermelho deve ser visto homogêneo e simétrico em ambos os olhos.
Ao contrário do que é divulgado, o teste não é assim tão fácil de ser realizado, pois o recém nascido tem muitas vezes as pálpebras um pouco edemaciadas e é difícil até abrir os olhinhos dele. Se possível, melhor esperar e não fazer logo nas primeiras horas do nascimento. Outra dificuldade é o tamanho das pupilas do recém-nascido, que muitas vezes é bem pequeninha. Quanto mais difícil o exame, mais escura deve estar a sala. Vários cursos para treinamento para realização do teste do olhinho já foram ministrados em Porto Alegre, mas para quem não pode fazer, o ideal é “treinar” com os pacientinhos maiores no consultório, antes de começar a fazer no recém-nascido.
Quando o pediatra conseguir identificar o reflexo vermelho de ambos os olhos, de forma homogênea o resultado é “normal”. Se tiver dificuldade, o resultado deve ser anotado como “duvidoso” e se o reflexo não estiver presente, como anormal. Evitar palavras como “positivo” ou “negativo” para evitar confusão.
Os bebês com testes com resultado anormal ou duvidoso devem ser encaminhados imediatamente para o oftalmologista, que deve fazer o diagnóstico final. O pediatra não tem que se preocupar com o diagnóstico, somente com o resultado normal ou não do exame. 

FIGURAS do teste do olhinho sendo realizado e do reflexo vermelho não homogêneo, em caso de catarata parcial.





 
*Mestre pela UNIFESP e Doutora pela UNIFESP/University of Colorado, Denver, USA.
Presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica 2005-7.

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