terça-feira, 21 de agosto de 2012

Deficiência de zinco na infância e na adolescência

O zinco é um mineral essencial que atua em diversas funções do organismo pelo fato de ser cofator de mais de 300 enzimas e proteínas como a anidrase carbônica,  fosfatase alcalina, superóxido dismutase, proteína C quinase, ácido ribonucleico polimerase, transcriptase reversa. Por isso o Zn é importante em atividades do sistema imune, prevenção de formação de radicais livres, crescimento estatural, desenvolvimento sexual e cognitivo e síntese de DNA. O Zn também interage com hormônios envolvidos no crescimento ósseo, como somatomedina-c,  osteocalcitonina, testosterona, hormônio da tireóide e insulina.
A concentração de Zn no osso é mais elevada que em outros tecidos, e isto é considerado essencial na calcificação da matriz óssea.

Recomendações nutricionais e fontes
O Zn é obtido apenas por meio da alimentação, sendo encontrado em grandes quantidades nos produtos de origem animal e nos frutos do mar, principalmente nas carnes vermelhas, mariscos, ostras, fígado, miúdos e ovos.
Recomendações de ingestão dietéticas relativas ao zinco em mg/dia


EAR: necessidade média estimada; RDA:ingestão dietética recomendada; UL: nível máximo de ingestão tolerável.

Metabolismo
A maior absorção de Zn parece ocorrer no jejuno sendo regulada homeostaticamente por mecanismos de difusão e processos mediados por carreadores. A absorção intestinal de Zn é diminuída por fatores antagonistas na alimentação como o fitato, o oxalato, os taninos e os polifenóis. Tal absorção pode ser facilitada pela presença de aminoácidos (cisteína e histidina), fosfatos, ácidos orgânicos e proteína. A quantidade de proteína da refeição tem efeito positivo na absorção de Zn, porém proteínas específicas como a caseína tem efeito inibitório.
Na circulação pode haver competição do Zn com os minerais cobre e ferro, dependendo da quantidade desses elementos na corrente sanguínea.

Avaliação do estado nutricional relativo ao zinco
O conteúdo total de Zn no organismo varia de 1,5 a 2,5g estando presente em todos os órgãos. Concentra-se nos ossos, músculos voluntários, fígado e pele (90%). No sangue, cerca de 80% do zinco é encontrado nos eritrócitos, 16% no plasma ligado principalmente à albumina.
As dosagens de Zn plasmático e sérico são as mais utilizadas devido à facilidade da análise bioquímica porém alguns fatores podem alterar seus resultados como, por exemplo, a inflamação, o estresse e a infecção.
O ponto de corte para o Zn sérico é de 70 mcg/dl e para o plasmático na faixa de 84 a 96 mcg/dl.

Deficiência de zinco
A primeira manifestação da deficiência de Zn, clinicamente identificada, foi a acrodermatite enteropática, uma desordem congênita que surge na infância e é caracterizada por alopécia, diarréia, lesões de pele e imunodeficiência celular.
 Alguns fatores que predispõem a deficiência de Zn são: consumo inadequado na alimentação, desnutrição energético-protéica, consumo excessivo de fitatos e má absorção intestinal.
Outro momento de risco para deficiência de Zn é a introdução da alimentação complementar no lactente, já que há uma queda fisiológica do Zn no leite materno a partir do 40 mês, independente da ingestão materna de Zn. Assim sendo, por volta do 60 mês, 80% do Zn deve ser proveniente da alimentação complementar.
O período de deficiência subclínica de Zn já é extremamente deletério para funções como a imunológica e SNC  sendo a suspeita clínica de grande importância e o inquérito alimentar faz parte do diagnóstico, além dos critérios bioquímicos.
Trabalhos mostram que crianças suplementadas com Zn têm menor incidência de diarreia, pneumonia e malária, quando comparadas com crianças que não receberam Zn.
Deve-se ter cuidado na suplementação com Zn, uma vez que esse nutriente, em doses de 20mg ou mais, interfere na absorção do cobre.

Diagnóstico
- Clínico, dietético e bioquímico;
- Zinco sérico/plasmático, leucocitário ou eritrocitário;
- Atividade enzimática (superóxido dismutase);
- Metalotioneína eritrocitária.

Suplementação de Zn (mesmo sem dosar o Zn)
- Desnutrição moderada-grave: 2mg/Kg/dia (máximo 20mg) até peso/estatura superior a 90%.
- Diarréia: 20mg/dia por 10 a 14 dias (10mg/dia para crianças < 6 meses).

Tratamento
- Sulfato ou óxido de Zn (1mg/kg/dia, máximo 20mg);
- Melhor tolerância – zinco quelado;
-Reposição de cobre – 0,2 mg/kg/dia (máximo 2mg/dia).

Bibliografia:  Mafra D, Cozzolino SMF. Zinco na Nutrição Humana. Rev Nutr. 2004;
                        Palma D, Escrivão ME, Oliveira FE. Nutrição Clínica na Infância e       Adolescência. Manole 2009.

Claudia Zen – Pediatra e Nutróloga
pediatrazen@gmail.com
Caxias do Sul/RS                     





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