sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Fimose


Prof. Dr. Nicolino César Rosito *

É um dos problemas freqüentes no consultório do pediatra e do cirurgião pediátrico, e pode ser fonte de ansiedade e medo para o paciente e seus pais, principalmente quando o manejo é equivocado. 

Fimose é a presença de anel prepucial que impede ou dificulta a exposição da glande, podendo ser congênita ou adquirida. É considerada fisiológica até os 5 anos de idade. A maioria dos meninos nasce com fimose (96%). O descolamento fisiológico do prepúcio ocorre em 25% aos 6 meses de idade, 50% com 1 ano, 80% com 2 anos, 90% com 4 anos e 94% aos 5 anos, sendo que apenas 6% permanecerão com fimose após os 5 anos.

A fimose adquirida pode estar relacionada aos cuidados dos meninos nos primeiros anos de vida. Os fatores freqüentemente implicados na fimose adquirida são as dermatites amoniacais, higiene inadequada da genitália que ocasionam balanopostites de repetição, reação inflamatória, fibrose e cicatrizes. As cicatrizes retraem a pele e torna o anel prepucial mais estreito e menos elástico e assim dificultando a retração do prepúcio. Outro fator que deve ser evitado é a “massagem” no pênis. Alguns pais preocupados com a aderência balanoprepucial, que é normal entre a glande e o prepúcio até os 5 anos de idade, fazem "massagem", forçando a pele, e ocasionando pequenos traumatismos, fissuras e sangramento, que ao cicatrizarem, tornam o anel estreito, e dessa maneira podem levar à fimose adquirida e iatrogênica. Assim, não são recomendados fazer "exercícios ou massagens" e retração forçada para abrir o prepúcio, pois são desnecessárias, dolorosas e psicologicamente traumáticas.

Algumas malformações do pênis e escroto podem estar relacionadas à fimose e podem ser confundidas e fazem parte do diagnóstico diferencial. As mais comuns são: hipospádia, chordee, aderência balanoprepucial, pênis embutido, prepúcio redundante e micropênis.

O tratamento da fimose pode ser dividido em clínico e cirúrgico.

O tratamento clínico é baseado nos cuidados preventivos com higiene, medidas gerais e uso de corticóide tópico. Está indicado em pacientes selecionados por período de 4 a 8 semanas com aplicação diária e com freqüência que pode variar de 1 a 3 vezes ao dia.

É fundamental que a higiene e medidas gerais sejam aplicadas durante e após a aplicação de corticóides para evitar novas aderências e fibrose prepucial.

O tratamento cirúrgico pode ser indicado no período após os 5 anos e antes da puberdade. Tem indicação antes dos 5 anos nos pacientes com infecção urinária, balanopostite de repetição, balanite xerótica obliterante e parafimose.

As técnicas cirúrgicas para correção da fimose são a postoplastia, que compreende a incisão dorsal do anel prepucial com manutenção do prepúcio, e tem indicação em casos selecionados. A postectomia ou circuncisão corresponde à remoção do prepúcio. A postectomia pode ser clássica, com remoção do prepúcio e exposição total da glande ou econômica com manutenção parcial do prepúcio. A anestesia é geral e com bloqueio peniano e a cirurgia pode ser realizada ambulatorialmente.

As complicações no pós-operatório mais freqüentes são: hipersensibilidade da glande, sangramento, estenose de meato e remoção inadequada da pele.

* - Coordenador da Disciplina de Cirurgia Pediátrica e do Programa de Residência Médica de Cirurgia Pediátrica do HCSA - UFCSPA
  - Coordenador do Centro de Aperfeiçoamento em Urologia Pediátrica da CIPE – HCPA e Responsável pelo Setor de Urologia Pediátrica do HCPA - UFRGS

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