quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Pediatra e a Amamentação

Roberto Mario Silveira Issler

O que um Pediatra deve saber sobre amamentação?
Quais os principais conteúdos sobre lactação humana e amamentação que são perguntados no TEP?

Colegas, acho que uma coisa é se preparar para o TEP, para ir bem nessa prova e conquistar esse valorizado título de nossa especialidade.Assim, todo o Pediatra deve conhecer os conteúdos básicos da anatomia e da fisiologia da amamentação, identificar, prevenir e às vezes intervir para ajudar a mãe e o bebê a superar os problemas dos primeiros dias – bebê que recusa o peito, fissura mamilar, ingurgitamento mamário, baixo ganho ponderal – e também reconhecer problemas mais tardios, como moniliase – na boca do bebê e na região areolar da mama da mãe – mastite, baixa quantidade de leite.

Isso sem falar nas drogas utilizadas pela mãe e seu efeito no bebê.  Ou mesmo revisar as contra-indicações – que são muito poucas, na verdade – à amamentação. E revisar também a introdução de alimentação complementar e como orientar a volta ao trabalho para aquelas mães que terminaram sua licença gestante e querem continuar amamentando.

A amamentação de prematuros e bebês com dificuldade, então, são capítulos à parte. A translactação (o que é isso?), a relactação, o inicio da oferta de leite materno – por sonda, no copinho ou de seringa, o banco de leite humano com suas rotinas e técnicas de coleta e armazenagem para ajudar as mães dos prematuros. E como amamentar bebês com lábio leporino, com déficit neurológico ou sindrômicos?
Porém, vejo a postura do pediatra diante da amamentação como um dos elementos básicos que podem ajudar a promover o bem estar do bebê e de sua mãe. Se tivermos oportunidade de realizar um consulta pediátrica de pré-natal, esse tema é um dos principais a serem abordados.

Uma atitude positiva é um bom início. Saber escutar a família de seu futuro paciente desde esse primeiro contato garante uma base sólida para uma boa relação médico-paciente, com benefícios para a futura criança que será cuidada e atendida por nós. A participação atenta e tranqüila do pediatra na sala de parto, proporcionado que os bebês nascidos com boa vitalidade – a grande maioria – possam fazer um contato pele a pele, olho no olho, logo após o nascimento, garante o início de um vínculo afetivo intenso. Nós pediatras temos o privilégio de estar presente nesse momento. No nosso dia a dia atribulado às vezes não percebemos mais todos esses profundos sentimentos relacionados ao nascimento que podem ter influencia direta no início da amamentação tranqüila e prazerosa.

A amamentação será bem sucedida se harmonizarmos nosso conhecimento teórico e a nossa formação profissional com uma postura positiva, com sentimento e com paixão, ouvindo o que a mãe tem a nos dizer, antes de opinar, sugerir ou determinar condutas. Tenham certeza que nossos pacientes serão sempre gratos por isso.

E uma maior duração da amamentação – exclusiva até os seis meses e até os dois anos ou mais – trará benefícios para a criança, para a família, para a comunidade e para os pediatras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário