segunda-feira, 9 de abril de 2012

Meningite

Mariana Vianna Zambrano

É um processo inflamatório das meninges, caracterizada por um número anormal de leucócitos no líquor. Início geralmente súbito, com febre, prostração, cefaléia intensa, náuseas, vômitos, rigidez de nuca e com a presença dos sinais de Kernig e Brudzinski. Em lactentes apresenta-se inicialmente com sinais clínicos inespecíficos, como irritabilidade, letargia, recusa alimentar, hipotermia ou febre, desconforto respiratório; o abaulamento das fontanelas é um sinal tardio. Os pacientes com meningococcemia podem apresentar um rash maculopapular que evoluiu para rash petequial. Ocasionalmente, rashs cutâneos estão presentes nas meningites por H. influenza ou por Pneumococco.

Diagnóstico: Exames laboratorias: hemograma, glicose sérica (para de analisar a relação glicemia/glicorraquia), eletrólitos, creatinina, uréia, coagulograma, hemoculturas e análise do líquido céfalo-raquidiano (LCR). Realizar Tomografia Computadorizada de crânio antes da punção lombar sempre que houver sinais de hipertensão intra-craniana, sinais neurológicos focais, papiledema ou história de trauma para exclusão de lesão expansiva ou abscesso cerebral.
 
         Tratamento: Medidas de suporte que visam prevenir ou reverter as alterações que ocerrem no organismo, principalmente SNC, secundárias ao processo infeccioso. Devem incluir oxigenação e perfusão cerebral adequadas – mantendo-se um pressão arterial normal para manter a pressão de perfusão cerebral–, prevenção de hipoglicemia, controle das convulsões e da hipertensão intracraniana.  Fluidoterapia deve objetivar a normovolemia; não há justificativa para restrição de volume empiricamente.  Evitar hiponatremia.
          A antibioticoterapia escolhida deve considerar a faixa etária do paciente e os principais agentes etiológicos da doença. 
O uso de dexametasona é controverso, alguns estudos demonstram diminuição das sequelas auditivas na meningite por H. influenza quando usado na dose de 0,4mg/kg de 12/12h por dois dias. 
MENINGITES VIRAIS: Os agentes mais comuns são enterovírus (80% dos casos de menigite asséptica), vírus da caxumba, herpesvirus, vírus Epstein-Barr, CMV, varicela, arbovírus, adenovírus, influenza e HIV.  O tratamento é sintomático; o uso do aciclovir está indicado na meningoencefalite por herpes vírus.
 Quimioprofilaxia: Haemophilus influenza: Está indicada para todos os contatos domiciliares (incluindo adultos), desde que existam menores de 4 anos de idade,  além do caso índice, sem vacinação ou esquema de vacinação incompleto e deve ser instituída da o mais precoce possível (de preferência nas primeiras 24h, ou até o 30º dia após o contato).  Crianças com esquema de vacinação completo para Hib não necessitam de profilaxia. O caso índice não necessita de quimioprofilaxia se o tratamento for feito com Ceftriaxone. A droga de escolha é Rifampicina, por via oral, por 4 dias nas doses: adultos 600mg/dose a cada 24h; crianças de 1 mês a 10 anos: 20mg/kg/dia até a dose máx. de 600mg;; menores de 1mês de vida: 10mg/kg/dia.
Meningococo: Deve ser iniciada o mais precocemente possível (de preferência nas primeiras 24h ou até o 10º dia pós-contato) nos seguintes casos:  comunicantes íntimos que moram no mesmo domicílio ou que compartilham o mesmo alojamento em domicílios coletivos; comunicantes da mesma classe de berçários, creches, ou pré-escolas, bem como adultos dessa instituição que tenham tido contato íntimo com o caso-índice; pessoal médico que tenham tido exposição às secreções (respiração boca-boca, intubação traqueal, aspiração de secreções) antes do início do tratamento. O caso índice não necessita de quimioprofilaxia se o tratamento for feito com Ceftriaxone.
A droga de escolha é Rifampicina, por via oral, por 4 dias nas doses: menores de 1mês de vida 5mg/kg/dia; para os demais 10mg/kg/dia (máx. de 600mg) administradas de 12/12h durante dois dias (total de quatro doses). Outra opção é Ceftriaxone em dose única intra, via intramuscular, 125mg para menores de 12 anos e 250mg para adolescentes e adultos.

Referências Bibliográficas:
1)      Infectologia; Marques HHS; Sakanne  PT, Baldacci ER – Barueri-SP : Manole, 2011. (Coleção Pediatria;  editores Benita G. Soares Schvartsman, Paulo Tufi Maluf Jr.)
2)      Tratado de Pediatria – Sociedade Brasileira de Pediatria; Fábio Ancona Lopez w Dioclécio Campos Júnior – Barueri-SP : Manole, 2007
3)      Rogers´ Handbook of Pediatric Intensive Care, editors Mark A. Helfer, David G. Nichols. – 4th ed./ 2009
4)      Pediatria: Diagnóstico e Tratamento – José Paulo Ferreira – Porto Alegre: Artmed, 2005.
5)      The evaluation and management of bacterial meningitis: current practice and emerging developments. Lin AL, Safdieh JE. Neurologist.  2010 May;16(3):143-51.
6)      Corticosteroids for acute bacterial meningitis. Brouwer MC, McIntyre P, de Gans J, Prasad K, van de Beek D. Cochrane Database Syst Rev. 2010 Sep 8;(9):CD004405.


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