quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Alergia à Proteína do leite de vaca

Matias Epifanio

Alergia alimentar geralmente é uma reação adversa ao componente protéico do alimento e envolve mecanismos imunológicos. A intolerância trata-se de uma reação adversa que envolve a digestão ou o metabolismo, mas não o sistema imunológico.

Embora muitas vezes usados como sinônimos é importante estabelecer a diferença entre Intolerância à Lactose e Alergia à Proteína do Leite de Vaca (ALPV).

A ALPV é a reação adversa a alimentos mais comum na infância, porém existem diversos alimentos capazes de gerar reações de hipersensibilidade como ovo, soja, leite, amendoim e peixe.Entretanto a Intolerância à lactose é a incapacidade de digerir a lactose, resultado da deficiência ou ausência da enzima intestinal chamada lactase.

 A enzima lactase possibilita decompor o açúcar do leite em carboidratos mais simples, para a sua melhor absorção. Este problema é sumamente frequente dento da população adulta em geral. O leite é um alimento básico da dieta, especialmente para as crianças. A lactose é o açúcar natural do leite. O intestino delgado produz uma enzima chamada lactase, cujo trabalho é separar a lactose em dois tipos de açúcar menos complexos chamados glicose e galactose. Esse processo permite que a glicose seja absorvida para a corrente sanguínea. Se não houver lactase suficiente para realizar essa tarefa, a lactose inalterada chega ao intestino grosso e começa a fermentar por ação das bactérias colonicas, produzindo diarreia com fezes ácidas e gases.

Estudos em países desenvolvidos, a APLV afeta entre 2 a 7,5% das crianças, especialmente nos primeiros meses de vida. A alergia alimentar se desenvolve tanto em indivíduos predispostos geneticamente como sem esta predisposição, que ao serem expostos aos alérgenos, ocorre falha dos mecanismos de tolerância imunológica, ou seja, a capacidade de reconhecer e ignorar antígenos alimentares. A ALPV geralmente se manifesta durante os primeiros meses de vida. Os sintomas podem ser agudos ou insidiosos, predominando os vômitos, diarréia, mal-absorção, resultando em retardo do crescimento, irritabilidade, choro intenso ao mamar  e sangue nas fezes. Podem ocorrer sintomas súbitos como irritabilidade, cólica, choro intenso durante a mamada e recusa alimentar. Manifestações dermatológicas e respiratórias são freqüentes como: broncoespasmo, rinite, urticária, rash cutâneo morbiliforme e dermatite atópica.

O reconhecimento e diagnóstico da ALPV são difíceis, uma vez que não há um teste único ou combinação de exames que definam este diagnóstico. Até mesmo crianças alimentadas com leite materno podem ser expostas a essas proteínas, pois há estudos demonstrando a passagem pelo leite materno de proteínas íntegras do leite de vaca ingeridas pela mãe. O diagnóstico da APLV reconhecido na literatura baseia-se em três pontos: suspeita diagnóstica através de uma história clínica compatível e exame físico; recuperação clinica após dieta de eliminação do leite de vaca e derivados; e por último o teste de desencadeamento positivo confirmando o diagnóstico pelo reaparecimento dos sinais e sintomas. O teste de desencadeamento só deve ser realizado após algumas semanas de dieta de exclusão, tempo necessário para que ocorra uma normalização das alterações morfológicas e funcionais do trato digestório.

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