quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Alguns tópicos sobre a Sífilis Congênita

Clarissa Gutierrez Carvalho
Toda gestante deveria ser triada para a doença no início da gravidez, no 3˚ trimestre e no parto. O tratamento adequado consiste, no caso de sífilis primária, de penicilina benzatina na dose única de 2 400 000UI, na sífilis secundária, dose de 4 800 000UI, com intervalo de 1 semana entre as injeções e, na sífilis terciária ou com mais de 1 ano de evolução, três aplicações totalizando 7 200 000UI. O tratamento é inadequado SE: não for usada penicilina, tratamento incompleto, instituição ou finalização de tratamento nos 30 dias anteriores ao parto, ausência de queda ou elevação dos títulos (VDRL) após tratamento, parceiro não tratado ou tratado inadequadamente ou quando não se tem a informação.

Os testes sorológicos consistem dos Treponêmico (TPHA, FTA-Abs, ELISA) e não treponêmicos (VDRL, RPR). Se títulos VDRL persistentemente (+) mesmo após tratamento adequado, pensar em infecção persistente ou re-exposição (principalmente se títulos> 1:4). O IDEAL é realizar FTA-Abs em toda mulher com VDRL reagente (títulos 1:1). 

O LCR alterado apresenta celularidade > que 25 leucócitos, proteínas > 150mg/dL e VDRL (+). O raio-X de ossos longos alterado apresenta osteocondrite e periostite nas metáfises e diáfises de tíbia, fêmur e úmero.

No RN, utiliza-se a Penicilina cristalina na dose de 50.000 UI/Kg/dose, IV, a cada 12h (nos primeiros 7 dias de vida) e a cada 8h após, durante 10 dias total. A Penicilina Procaína, de uso IM, pode ser usada na dose de 50 000 UI/Kg/dia, 1x ao dia, por 10 dias – e na falha de um dia, todo tratamento é recomeçado.  A Penicilina benzatina é uma opção quando se pode garantir o acompanhamento do RN com títulos negativos: IM, dose única de 50.000 UI/Kg. Na dúvida sobre o seguimento do paciente, melhor tratar com cristalina IV.

A sífilis congênita consiste de manifestações até 2 anos de vida: septicemia maciça, anemia intensa, icterícia, lesões cutâneo-mucosas, lesões palmo-plantares, lesões ósseas, neuro-sífilis, pneumonia alba, hepatoesplenomegalia, pancreatite, rinite sanguinolenta, plaquetopenia, púrpura. Um RN com exame negativo não exclui a infecção, assim, se história suspeita, repetir em 3m. Não há transmissão pelo leite materno – APENAS se lesão mamária de sífilis

As consultas devem ser mensais até o 6º mês de vida e bimensais até 12º mês; VDRL com 1, 3, 6, 12 e 18 meses de idade, interrompendo o seguimento com dois VDRL negativos consecutivos; realizar FTA-Abs após os 18 meses de idade para a confirmação. Se sinais clínicos compatíveis, se deve repetir sorologia. Se elevar título ou não negativar até 18 meses, re-investigar. Se LCR alterado, reavaliação liquórica a cada seis meses até a normalização. Acompanhamento oftalmológico, neurológico e audiológico semestral, por dois anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário