terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Hepatite Viral A

Cristina Helena Targa Ferreira

A Hepatite causada pelo vírus A (HVA) ainda é um problema de saúde pública no mundo inteiro. A HVA é uma doença infecciosa notificável comum; a diminuição da imunidade natural permite o aumento da suscetibilidade. Os padrões epidemiológicos vêm mudando em muitos lugares do mundo, devido não só as melhores condições socioeconômicas, mas à aplicação da vacinação anti-HVA.

A HVA ainda é mais prevalente nas áreas em que as condições sanitárias e de higiene são precárias e onde há pessoas mais desfavorecidas do ponto de vista socioeconômico, mas podem ocorrer em surtos, epidemias ou casos esporádicos. A infecção pela HVA não evolui para a cronicidade.
O vírus A é RNA, não possui envelope, icosaédrico, de 27 mm de diâmetro e pertence à família Picornaviridae.

A HVA tem distribuição universal e é transmitida basicamente pela via fecal-oral. O contágio pessoa a pessoa também é importante.  Os fatores de risco são os agrupamentos de pessoas, as creches, as escolas infantis e as instituições para deficientes mentais.

O período de incubação é de 28 dias (15 a 50). Os pacientes apresentam início abrupto de sintomas, como febre, mal-estar, anorexia, náuseas, dor abdominal, seguidos de colúria e icterícia. Nas crianças menores de 6 anos, 70% das infecções são assintomáticas, e quando ocorre doença sintomática, freqüentemente não é acompanhada de icterícia. Entre as crianças mais velhas e os adultos, a infecção é usualmente sintomática, com icterícia aparecendo em mais do que 70% dos pacientes. Os sinais e sintomas usualmente não duram mais do que 2 meses, embora 10 a 15% dos indivíduos apresentem doença sintomática ou recidivante durante um período maior do que 6 meses. A contagiosidade não está relacionada com o fato de a hepatite ser ou não sintomática. Não ocorre excreção crônica do vírus A nas fezes, mas 6% dos pacientes com HVA apresentam uma recidiva clínica, com excreção fecal prolongada do vírus A. A HVA pode causar doença hepática grave, na forma fulminante ou de insuficiência hepática aguda, ou uma série de complicações extra-hepáticas, e pode também desenca¬dear doença autoimune em indivíduos suscetíveis. Outra forma atípica de apresentação da HVA é a colestática.

O diagnóstico é estabelecido através da detecção de IgM anti-HVA. O anticorpo IgM persiste por 3 a 6 meses, na  maioria dos casos.  O IgM anti-HVA é detectado 2 a 3 semanas após administração de uma dose da vacina em 8 a 20% dos adultos.

IgG anti-HVA ou anti-HVA total, que persiste por longos períodos, talvez por toda a vida após a infecção, em títulos decrescentes, é responsável pela imunidade que segue a infecção natural e confere proteção contra a doença. O anticorpo IgG é a maior fração do anti-HVA total.

O uso de imunoglobulinas, para prevenir infecção nos contatos de HVA, funciona em casos isolados, mas os suprimentos de plasma vêm apresentando quantidades decrescentes de imunoglobulinas e a prote¬ção por elas conferida é apenas temporária, durando de 1 a 3 meses ou, no máximo, 4 a 6 meses. O vírus A possui um único sorotipo, com um pequeno grau de variações antigênicas.  Foram fabricadas vacinas contra HVA, inativadas, altamente seguras e imunogênicas. A vacina da HVA tornou-se muito importante em diferentes locais, em relação à prevenção da morbidade e da mortalidade ocasionadas pelo vírus A. Como resultado, há mudanças importantes nos padrões epidemiológicos da Hepatite A e espera-se que, essa infecção viral ubíqua, diminua cada vez mais em incidência, até o seu completo desaparecimento.

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