quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cardiopatias de Hiperfluxo Pulmonar

João Luiz Langer Manica

Comunicação Interatrial (CIA): Compreende 6 a 10% das cardiopatias congênitas, predomina no sexo feminino (2:1). Existem 4 tipos de CIA´S sendo o mais comum a CIA “Ostium Secundum” na região da fossa oval. A CIA “Ostium Primum” faz parte de outra cardiopatia de hiperfluxo (DSAV), a CIA seio venoso está geralmente associada a drenagem venosa pulmonar anômala parcial e a CIA do tipo seio coronário se associa com veia cava superior esquerda persistente.

A CIA “Ostium Secundum”resulta de deficiência, perfuração ou ausência da válvula da fossa oval permitindo passagem crônica de fluxo do átrio esquerdo para o átrio direito e sobrecarga volumétrica das câmaras direitas. O paciente com CIA é via de regra ASSINTOMÁTICO , ou eventualmente com sintomas de cansaço aos grandes esforços. Raramente a CIA se apresenta com insuficiência cardíaca no lactente, dificuldade para mamar, baixo ganho ponderal ou infecção respiratória de repetição. O desenvolvimento de hipertensão arterial pulmonar, cianose e baqueteamento digital por fluxo direita-esquerda pela CIA é tardio (após 20 anos de idade) e mais comum no sexo feminino.  À ausculta, se apresenta com desdobramento fixo de B2 e sopro sistólico ejetivo em foco pulmonar. Ao radiograma de tórax observam-se aumento de cavidades direitas e tronco da artéria pulmonar (achado típico) com hiperfluxo pulmonar. O tratamento percutâneo ou cirúrgico é na maioria dos casos eletivo e recomendado até os 10 anos de idade

Comunicação Interventricular (CIV): Cardiopatia congênita mais comum excluindo a válvula aórtica bicúspide. Pode se localizar em qualquer parte do septo interventricular e a sintomatologia clínica dependerá basicamente do seu tamanho.

Devido à alta resistência vascular pulmonar (RVP) durante a vida fetal e a sua queda gradual durante o primeiro mês de vida, a CIV ISOLADA, via de regra, não dá sintomas durante esse período, principalmente nos primeiros dias de vida. Na avaliação de um recém-nascido com sinais de insuficiência cardíaca importante nos primeiros dias de vida e diagnóstico de CIV, devemos sempre suspeitar de defeitos associados como a Coarctação de Aorta por exemplo.

Com a queda da RVP após o primeiro mês de vida, aumenta o fluxo através da CIV em direção à circulação pulmonar.   Diferentemente da CIA, o hiperfluxo pulmonar causado pela CIV tipicamente leva a sintomas de insuficiência cardíaca após o 1o/2o mês de vida que se caracterizam por taquipnéia, baixo ganho ponderal, sudorese e cansaço às mamadas e infecções respiratórias de repetição. À ausculta, sopro holossistólico é característico podendo haver sopro diastólico devido ao hiperfluxo proveniente do pulmão passando pela válvula mitral. O radiograma de tórax apresenta aumento da área cardíaca e hiperfluxo pulmonar. Além disso, a evolução para hipertensão arterial pulmonar é muito mais precoce na CIV podendo ocorrer nos primeiros 2 anos de vida. Se não corrigida, a CIV pode levar à hipertensão arterial pulmonar irreversível com conseqüente reversão do fluxo através do defeito e cianose (Síndrome de Eisenmenger). 

Defeito do Septo Atrioventricular (DSAV): Também conhecido como defeito dos coxins endocárdicos, se divide em DSAV parcial e completo. É a típica cardiopatia presente em pacientes com Síndrome de Down (50% das cardiopatias nessa população). O DSAV parcial é caracterizado por uma CIA “ostium primum” e cleft da válvula mitral. Assim como na CIA “Ostium Secundum”, o paciente pode ser assintomático até a idade adulta ou apresentar sinais de insuficiência cardíaca, principalmente quando associado à regurgitação mitral. O tratamento é cirúrgico e previne o desenvolvimento de hipertensão arterial pulmonar, muito freqüente nos pacientes portadores de Síndrome de Down. O DSAV completo é composto por CIA “ostium primum”, válvula atrioventricular única e CIV de via de entrada. O quadro clínico se assemelha à pacientes com CIV com sinais francos de insuficiência cardíaca como taquipnéia, baixo ganho ponderal, sudorese às mamadas e evolução precoce para hipertensão arterial pulmonar. O tratamento é cirúrgico e deve ser realizado idealmente em torno dos 6 meses de idade.

Persistência do Canal Arterial (PCA): O canal arterial patente, freqüentemente encontrado em pacientes prematuros com doença da membrana hialina, é causa importante de falha no desmame ventilatório destes pacientes. Nestes casos, o uso de anti-inflamatórios não esteróides (AINES) é indicado, apesar de atualmente não estar disponível no mercado. Já nos lactentes é em geral assintomático e sem repercussão hemodinâmica. Entretanto, pode se apresentar com quadro clínico idêntico a uma CIV com grande repercussão hemodinâmica e insuficiência cardíaca nos casos de defeitos grandes. Clinicamente se apresenta com sopro contínuo (em maquinaria) na região subclavicular esquerda. O tratamento padrão-ouro atualmente é o fechamento percutâneo.

Um comentário:

  1. o meu filho tem 1ano e 4 eli eno ecocardiograma deu defeito septal tipo ostiumsecundum o que devo fazer

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